Quando é que voltas ou vais embora de vez?
Ainda há flores; o violão afina-se rápido
As mãos estão livres.
Não podemos fazer nada por Cuba.
Enganaram pessoas atrás dos montes.
Quando é que voltas ou vais embora de vez?
Aquela menina disse não à piedade.
A outra fez circo na nova estação.
Ainda seremos dois e os nossos medos,
Tentando esconder o que há de verdade
Na piada, no silencio, nos discos.
Quando é que voltas ou vais embora de vez?
Ser tudo a gente não pode pedir;
Mas comer só entradas, sentar na fila da frente
Atrasar o beijo, enganar explicações, a gente pode.
Quando é que voltas ou vais embora de vez?
A gente pode unir-se na oração, no frio.
Há cascatas e transes dentro da beleza.
Mesmo que a resposta nunca chegue
Tu sabes dançar, eu sei dar-te a mão.
Quando é que voltas ou vais embora de vez?
O que para mim foi Roma e para ti Orlando
Está gravado. Mandaram para as nuvens;
Ainda se faz e refaz o amor com farinha.
E com fermento. E com ventoinhas perigosas
E com livros e com praças e com sol.
Rebenta-me. Apanha os cacos. Sopra.
Quando é que voltas ou vais embora de vez?
(2016)
Entre o que digo e calo
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Não te escrevo cartas de amor
Não te escrevo cartas de amor,
Porque não lembro o que é o amor.
Vou e volto da tua pele
Sem anotar o caminho.
Porque não lembro o que é o amor.
Vou e volto da tua pele
Sem anotar o caminho.
Não te conheço, mas não te estranho.
Não te descanso nem me acabas.
Não te escrevo cartas de amor,
Porque renasço;
E dizer não conta
Nem metade.
Não te descanso nem me acabas.
Não te escrevo cartas de amor,
Porque renasço;
E dizer não conta
Nem metade.
Palavras são assim: sol, chuva, bomba, Amélia.
Nas esquinas não ficamos.
Calo o meu antes na tua língua.
Permitimos o azul.
Nas esquinas não ficamos.
Calo o meu antes na tua língua.
Permitimos o azul.
Não te escrevo cartas de amor
Porque ainda dou erros de criança.
Ofegante, te pergunto
Se queres caminhar.
E então, convictos,
Quebramos a ampulheta;
devolvemos a areia à maré.
Porque ainda dou erros de criança.
Ofegante, te pergunto
Se queres caminhar.
E então, convictos,
Quebramos a ampulheta;
devolvemos a areia à maré.
(2012)
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
O medo que não existe
A tristeza se parece com o medo.
Um formigueiro no coração;
Uma fome enjoada;
Um susto que não passa;
Quem dera que.
Não fui eu.
Por favor.
O medo não se parece com nada.
E nada, dizem os cientistas alemães,
Não existe.
A tristeza se parece com o medo
Que não existe.
Uma fome enjoada;
Um susto que não passa;
Quem dera que.
Não fui eu.
Por favor.
O medo não se parece com nada.
E nada, dizem os cientistas alemães,
Não existe.
A tristeza se parece com o medo
Que não existe.
(2016)
Sobre anotar
Não escrevo poesia. Anoto perfumes.
Anoto para nunca esquecer
o tamanho do que não sei.
(2016)
Anoto para nunca esquecer
o tamanho do que não sei.
(2016)
Só o impossível
Só o impossível nos interessa.
A fisga disparando estrelas ; O pecado barulhento. Uma exatidão sonâmbula, Que estica o sábado além. Quarenta e três sauadades no abraço; Pássaros e nova reza na espera. Dois rios, violentos, A subir de suspiro até às nuvens. Pepitas de chocolate, também, quando já for de manhã. Felicidade de arrastar asa onde o frio não existe.
E um carvão indeciso, protegido, que não esquece nem escreve
o tamanho do amor.
(2016)
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Azulinha
Fico exausto de fé, azulinha.
As minhas mãos nas tuas,
o mar tatuado.
Um beijo muito adiado,
Recebido como graça e ciúme.
Como greve, como cume do cume.
Disposição para ficar debaixo
da saudade que a gente dobra
a descobrir a morenice que ainda
é tudo. e nunca sobra.
Perder-me vindo da onda,
por ti, azulinha, perder-me
sem te contar.
Calafrios sinceros,
mordidas enxutas,
por ti, azulinha, navegar.
As minhas mãos nas tuas,
o mar tatuado.
Um beijo muito adiado,
Recebido como graça e ciúme.
Como greve, como cume do cume.
Disposição para ficar debaixo
da saudade que a gente dobra
a descobrir a morenice que ainda
é tudo. e nunca sobra.
Perder-me vindo da onda,
por ti, azulinha, perder-me
sem te contar.
Calafrios sinceros,
mordidas enxutas,
por ti, azulinha, navegar.
(2016)
Fico exausto de fé, azulinha.
As minhas mãos nas tuas,
o mar tatuado.
Um beijo muito adiado,
Recebido como graça e ciúme.
Como greve, como cume do cume.
Disposição para ficar debaixo
da saudade que a gente dobra
a descobrir a morenice que ainda
é tudo. e nunca sobra.
Perder-me vindo da onda,
por ti, azulinha, perder-me
sem te contar.
Calafrios sinceros,
mordidas enxutas,
por ti, azulinha, navegar.
As minhas mãos nas tuas,
o mar tatuado.
Um beijo muito adiado,
Recebido como graça e ciúme.
Como greve, como cume do cume.
Disposição para ficar debaixo
da saudade que a gente dobra
a descobrir a morenice que ainda
é tudo. e nunca sobra.
Perder-me vindo da onda,
por ti, azulinha, perder-me
sem te contar.
Calafrios sinceros,
mordidas enxutas,
por ti, azulinha, navegar.
(2016)
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